QUEBRA TUDO!
"O BALCÃO" de Jean Genet: Uma aventura cenotécnica!
Por Rogério Leandro
Aconteceu em 29 de Dezembro de 1969! Portanto, já passam de quarenta anos a sensacional montagem de "O Balcão" de Jean Genet. Entrava para a história como a peça que trouxe a tona o primeiro nu masculino em cena aberta do teatro brasileiro (Raul Cortez). Também e principalmente, marcou época pela inventividade cênica na construção do espaço cenotécnico. Praticamente Victor Garcia (encenador argentino renomado, tendo em seu currículo a montagem de Fernando Arrabal, na coletânea "O Cemitério de automóveis"), associado no Brasil a produtora Ruth Escobar, colocou o teatro homônimo da atriz, abaixo!
A idéia era e assim foi, disponibilizar a perspectiva vertical da caixa cênica, fazendo com que o público pudesse perceber as cenas numa ótica de cima abaixo. Numa construção de ferro de mais de vinte metros de altura, pesando oitenta toneladas, os atores se desdobraram, contando a narrativa de Jean Genet, que implode os modelos sociais.
O cenógrafo foi Wladimir Pereira Cardoso que descreveu no programa da peça que trabalharam cinco meses, vinte horas por dia, para concretizar o espaço cênico.
No elenco, nomes de peso! Raul Cortez, Sérgio Mamberti, Célia Helena, Paulo César Pereio e Jonas Mello entre outros. A própria Cacilda Becker havia sido chamada mas veio a falecer, após um derrame enquanto desenvolvia a montagem de "Esperando Godot" de Samuel Beckett. Foi claramente substituída por Ruth Escobar no papel central de "Irma" a dona do bordel no texto de Genet.
Entrava assim para a história a montagem de Vitor Garcia, chamando tanto a atenção que o próprio Jean Genet, vindo da França, aportou no Brasil para conferir a montagem. Conferiu e gostou, tendo elogiado a iniciativa, criatividade cênica e apuro.