TEATRO OU TAETRO?

23/07/2015 16:39

 Por Rogério Leandro

      Quando o ensaísta Fernando Peixoto, em sua lucidez aponta que antes de polemizar e tentar rotular a expressão teatral, tentando sistematizar e conceituar o que vem a ser teatro,  no intuito de não gerar conflito confessa que é melhor que chamemos TEATRO de TAETRO e encerremos a questão, para não desgastar o tema.

     Mas que função social tem o teatro? Num mundo em que lucratividade é palavra de ordem, que ganhamos ao fazer ou consumir teatro?

 

      Redundantemente, vamos começar pelo começo...

 

     Levanto um questionamento: Será que tudo tem que ter feedback produtivo? Será mesmo necessário? Não, não creio ser fundamental. O teatro esta nisso que é complexo conceituar mas,  fácil verificar, é prática emancipatória! Promove quem faz, quem vê, quem interage com ele. É ação terapêutica e principalmente leva ao questionamento, promovendo cidadania. Dizer tudo isso é redundante, repetitivo e quem já travou  contato com a prática teatral sabe o que estou dizendo. Mas quero destacar aqui alguns pontos que compreendem a temática do teatro. Vamos falar um pouco da difusão cênica, quando o princípio imitativo do homem se faz perceber...

Dioniso, deus do teatro grego

     Normalmente, ainda na infância, somos apresentados ao teatro na escola e este será quase sempre o primeiro referencial do produto artístico depois dos desenhos e garatujas feitas ainda na pré-escola. Mal começamos a socialização pela frequência escolar e o teatro já anda por ali, nos ensinando a lidar com  o espírito humano. Logo nas séries iniciais somos despertados a assumir outras posturas, conhecer "outras vidas", experimentar o "alheio" pelo jogo dramático.

     Fui forjado numa escola americana onde a prática teatral incorporava a grade curricular e todos ali sabiam de seu valor enquanto "misturador" de gente. E era assim. Naqueles tempos fui "rei"e fui mendigo, fui santo e fui "perdido", fui herói, mas fui vilão. Eram exatamente essas viagens personalíticas que nos faziam indagar sobre a natureza do homem e seus descaminhos, erros, acertos e dúvidas. Já naquele introito de vida, usávamos o teatro como ferramenta de investigação do espírito humano.

    Crescemos e a medida que mudávamos nosso meio, o  teatro assumia outras funções. Foi na adolescência elemento de reflexão sobre a sexualidade, discutindo o papel do desejo e a importância da dor, os aspectos do prazer e o porquê da indolência, do desafeto, da frivolidade, da frigidez.

      Na juventude surgem então os grandes temas:  Religiosidade, política, sociedade e homem. O teatro também estava lá, libertário, panfletário, profético. O teatro inclusive, quando associado a esta fase de vida do ser humano, produz resultados transformadores. Quem no Brasil, não se lembra dos jovens integrantes do TEATRO OPINIÃO e do ARENA nos anos de chumbo? Na Ditadura militar nos idos de '64 a '85? Do Newspaper de Augusto Boal? E então... O teatro quando chamado e associado aos lampejos da juventude ganha as ruas e atordoa os mais desavisados! Do silêncio questionador o teatro pode despertar ruidoso como um leão faminto.Mas a vida transcorre e os dias se sucedem...

     Logo os cabelos embranquecem e o teatro também está lá! Será a experiência do vivido e o teatro ganha também ares terapêuticos. Fonte de vivências, estado de reflexão perpetuado pelo fazer de conta, embalado pela questão do... Era uma vez! E o teatro adentra a sala do psicanalista, mas vai também as ruas.

     E assim está!

     Agora você me pergunta: E o teatro serve para quê? NÃO SEI!

     Só sei que ele é, e como disse o maestro da palavra Fernando Peixoto: Para encerrar qualquer possível discussão, o chamemos de TAETRO e encerremos a questão, até porque mesmo com as letras invertidas, vou lhes contar um segredo, seja sozinho ou em grupo, literário ou na improvisação, com recursos ou em plena rua, ainda assim o TAETRO estará lá, nos fazendo sonhar, refletir, discutir ou contestar... Porque ele é onipresente aonde homem houver, e assim o tem dito DIONISO o deus-bode grego, representante do teatro: Antes que o rotulemos, melhor é fazer...

 

      Depois a gente descobre para que serve!

 

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